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sábado, 29 de dezembro de 2007

Construindo pontes para o evangelho 1



Construindo pontes para o evangelho

John A. Studebaker

Traduzido e adaptado por Leandro Teixeira
Artigo original pode ser encontrado aqui.

Como cristãos, somos chamados por Deus para ser embaixadores dEle. Agora esta é uma descrição completa do trabalho! A fim de cumprir nossa tarefa gloriosa, entretanto, nós teremos que saltar de nossos isolados círculos cristãos e aprender como atravessar o abismo entre a igreja cristã e o mundo de hoje.

O que é um construtor de pontes?

Na faculdade eu recebi um diploma em engenharia civil. Nas aulas nós aprendemos como desenhar uma das mais importantes estruturas do nosso mundo – pontes. Pontes são fascinantes, eu penso, porque elas são construídas para juntar coisas – porções de terra, estradas e pessoas.

Eu acho minha vida cristã excitante pelo mesmo motivo – porque agora eu me tornei um construtor de pontes para Cristo. Naturalmente, Jesus é o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2:5); mas, agindo debaixo de Sua autoridade, os cristãos têm o privilégio de construir pontes também. Que tipos de pontes ainda restam para ser construídas? Não-cristãos freqüentemente têm barreiras que os defendem de considerar Cristo: barreiras morais, culturais e intelectuais. Nós podemos ser suas pontes para o evangelho. Exatamente como Jesus deixou o paraíso para vir e se misturar com o mundo pecador, Ele nos deixou com uma tarefa gloriosa de penetrar criativamente no nosso mundo com as boas novas. Num sentido, então, pode não haver uma hora em que nós estejamos mais como Jesus do que quando nós estamos atravessando estas fendas culturais com o evangelho.

Como alguém se torna um construtor de pontes para Cristo? Enquanto é verdade que nós precisamos conhecer teologia e a mensagem do evangelho, nós devemos também compreender que os não-cristãos crêem, como eles pensam, e como eles têm sido impactados com a cultura atual. E então, como embaixadores de Cristo, nós nos tornamos a ponte entre a igreja e o mundo pela comunicação do evangelho dentro do contexto da experiência do não-cristão.

Eu penso que a maioria das pessoas hoje vê o ministério transcultural como algo executado por uma nação estrangeira. Mas a América hoje se tornou muito secular, desenvolvendo uma cultura de individualismo em um sentido ideológico – alguém muito diferente da cultura da igreja. Então, hoje, nós precisamos visualizar nossa cultura americana como uma oportunidade de ministeriar transculturalmente! Nós fazemos isto pela investigação das visões de mundo da nossa cultura. De acordo com David Hesselgrave, no seu livro Communication Christ Cross-Culturally, “compreender outras visões de mundo (ou sistemas de crenças) é o ponto de partida para anunciar o evangelho”(1). Mostrando uma compreensão e um interesse nas crenças de outras pessoas, nós ganhamos credibilidade e integridade perante aquela pessoa – e provavelmente um ouvinte da mensagem cristã.

Em uma oportunidade, por exemplo, eu estava compartilhando Cristo com um estudante chinês. Após ouvir atentamente por 45 minutos sua crença no Taoísmo, e fazer várias questões, ele finalmente me perguntou. “No que você crê?”. Que abertura para compartilhar o evangelho! Como nós aprendemos a investigar as visões de mundo de nossa cultura, nós estaremos ajustados para nos divertir falando com não-cristãos.

Um construtor de pontes é alguém que tem feito um compromisso em entender pessoas com diferentes conhecimentos e crenças a fim de fazer o cristianismo relevante para estas pessoas. A fim de se tornar um construtor de pontes, entretanto, nós temos de passar por um processo – um que nós veremos neste panfleto. Primeiro, nós precisamos examinar o problema do isolamento encontrado em muitas igrejas hoje. Então nós olharemos o modelo de ministério de Cristo o qual supera nosso isolamento. Em seguida, nós encontraremos como nossas vidas podem construir pontes para o mundo. Finalmente, nós veremos a necessidade da educação a fim de construir pontes melhores.

O problema do isolamento

Imagine estar recebendo uma ligação informando que você foi escolhido com embaixador americano na China. Você considerará isto uma completa honra! Como você se prepararia para esta tarefa? Você poderia querer fazer um estudo radical da cultura e costumes chineses. Se você simplesmente disser, “Sem problemas, Eu sou um americano!” e negligenciar este estudo, você mesmo verá que será um embaixador muito pouco eficiente.

Agora imagine que Cristo chamou você, como um americano, para ser Seu embaixador na América. Como você se prepararia para isto? Bem, de fato é para isto que Cristo nos chamou (2 Co 5:20). Mas e se nós disséssemos “Sem problemas, eu sou um cristão!”, porém negligenciando qualquer tentativa de conhecer nossa própria cultura?

Surpreendentemente, isto é o que muitas pessoas na igreja hoje tem feito. Alguns crentes têm realmente evitado qualquer ligação com o mundo. Jan Johnson no seu artigo no Moodly Monthly intitulado “Escaping the Christian Ghetto” – Escapando do Gueto Cristão – chama estas pessoas de “cristãos toca de coelho”. De acordo com Johnson, “Na manhã eles extinguem a segurança das suas casas cristãs, segurando seus fôlegos no trabalho, apressando-se para ir para casa, para suas famílias e então livres para seus estudos bíblicos, e finalmente terminam o dia orando pelos não-crentes a quem eles cuidadosamente evitam por todo o dia”(2).

Na antiga América, os cristãos se divertiam discutindo filosofia e teologia com os crentes e os descrentes da mesma forma. A Nova Inglaterra era uma comunidade que nutria a atividade intelectual. Seus jovens, por exemplo, estudavam os clássicos e a Bíblia hebraica com profundidade.

Os cristãos de hoje, contudo, são constantemente vistos pelo mundo como antiintelectuais, como pessoas que tem negligenciado suas mentes a fim de se tornarem “espirituais”. Mas com esta mentalidade, nós somos incapazes de tratar os assuntos críticos dos nossos dias, e então nossa cultura começa a procurar respostas em outros lugares: no humanismo secular, por exemplo.

Qual é a raiz desta separação intelectual? Bem, muitos crentes hoje mantêm uma visão pietista da vida cristã. O Pietismo surgiu a partir de 1800, mas tinha uma clara deficiência. De acordo com Francis Schaeffer, “era platônico naquilo que fazia uma aguçada divisão entre o ‘mundo espiritual’ e o ‘mundo material’. A totalidade da experiência humana não estava dando-se ao luxo de um lugar apropriado”(3).

Esta visão pietista da vida cristã, eu penso, não se aproxima da vida real fora da experiência cristã de muitas pessoas. Isto é porque a espiritualidade de alguém nunca se afasta suficientemente de integrar-se com o mundo real. Nós ainda terminamos tentando ser bons cristãos, mas muitas áreas de nossa humanidade são deixadas de lado. Nem mais parece muito atrativo para aquelas primeiras a investigação da fé, da mesma forma. De fato, alguns descrentes se assustam!

Como nós mudaremos este padrão? Nós devemos remover esta aguçada divisão procurando como nossa vida espiritual funciona no mundo físico, desenvolvendo uma visão de mundo bíblica. Como nós aprendemos aplicar a fé cristã a nossa própria vida e mundo, nós nos tornamos aptos para falar aos descrentes como aplicar às suas também, e isto abre portas para o evangelho. Mas sem uma fé bem fundamentada nós não nos sentiremos à vontade em submeter nossa mensagem dentro do mercado das idéias modernas, e então nós ficaremos isolados. O que nós realmente precisamos é um modelo para construir pontes dentro da complexidade da cultura atual, um que faça o cristianismo relevante para as vidas das pessoas reais. Cristo mesmo providenciou este modelo numa forma absolutamente maravilhosa. Qual é este modelo?

O modelo de contextualização de Cristo

O modelo é baseado no caráter de Deus. A Bíblia apresenta para nós um Deus que continuadamente procura o homem entrando no contexto cultural dele. No Novo Testamento nós primeiramente vemos Deus procurando o homem tomando uma “forma contextualizada” – aquela de um homem. Contextualização significa identificar-se com a parte oposta e requer quebrar barreiras culturais a fim de estabelecer comunicação.

Através da encarnação de Cristo, Deus atravessou uma larguíssima “fenda cultural” para encontrar o homem, e identificar-se com o homem, por verdadeiramente se tornar um homem. Deus tomou nosso contexto, e ao fazer isto, Ele rompeu duas barreiras que impedem o homem de ter um relacionamento com Ele. Quais eram estas duas barreiras?

Primeiramente Cristo atravessou nossa barreira da humanidade. Cristo submeteu-se à carne, padrões culturais, padrões de idéias, práticas e à fraqueza associada com a humanidade. Ele deixou Seu mundo e entrou no nosso. E em segundo lugar, Cristo atravessou a barreira do pecado. Ele foi à cruz e trouxe o pecado sobre si em nosso favor, então nós devemos esquecer os nossos pecados e vir conhecer Deus pessoalmente.

Não somente Deus encontrou o homem tornando-se um deles, mas Seu compromisso em encontrar o homem continua após a morte e ressurreição de Cristo, mas tomada de uma forma diferente. Seu modelo de comunicação, uma ainda envolvendo contextualização, continua através de Seu povo. Em 2 Co 5:20 nós vemos que Deus tem chamado os crentes para serem embaixadores para Cristo. Como nós cumpriremos esta tarefa? Seguindo o modelo de Cristo, e atravessando as mesmas duas barreiras. Primeiro, nós devemos atravessar a barreira da humanidade. Motivados por Seu amor, nós também precisamos entrar no mundo dos descrentes, procurar compreender seu contexto e encontrar bases comuns. Isto significa que, sem compromisso, nós nos envolvemos com pessoas reais e suas necessidades, dores e dúvidas intelectuais. Segundo, nós precisamos ajudar as pessoas derrubando a barreira do pecado. Nós fazemos isto compartilhando o evangelho dentro do seu contexto, numa forma que faça sentido dentro de outra composição intelectual e cultural da pessoa.

De acordo com Francis Schaeffer, “[Uma missão estrangeira] deve conhecer a linguagem da forma de pensamento das pessoas para as quais alguém fala. Então é com a igreja cristã. Sua responsabilidade não é somente manter os princípios básicos e bíblicos da fé cristã, mas comunicar estas verdades imutáveis ‘dentro’ da geração na qual alguém está vivendo”(4).

Agora vamos voltar nossa atenção em como usar este modelo de construção de pontes para o evangelho que Cristo nos deu.

Nós somos as pontes de Deus

Quando não-cristãos nos encontram, qual a impressão que eles têm ao caminhar conosco? Eles simplesmente vêem outra “religião”, ou eles encontram um cristianismo que é relevante fora da igreja e dá um bom sentido racional em cada área da vida humana?

Como Cristo submeteu-se no contexto da carne humana, então nós devemos entrar no contexto do mundo atual. A base para nosso ministério, então, não é somente encontrado no compartilhamento das verdades da fé cristã, mas também na utilização da nossa humanidade como um efetivo canal para relatar estas verdades.

A igreja antiga repetidamente seguiu o modelo de Cristo construindo pontes humanas a fim de comunicar o evangelho dentro do contexto da platéia. Em Atos 17, Paulo compartilhou o evangelho com os filosóficos e politeístas gregos diferentemente do que fez com os tradicionalistas e monoteístas judeus. Ele podia fazer isto porque ele tinha uma profunda compreensão de cada cultura. Muitas vezes, no Novo Testamento, claramente indivíduos eram habilitados para construir pontes por causa da experiência cultural comum. Suas vidas reais e heranças construíram uma ponte natural. Timóteo, por exemplo, podia facilmente ministrar aos gregos em sua cidade por causa de sua descendência grega. Em outras oportunidades, contudo, não há nenhuma base comum aparente, e nós temos que aprender como os descrentes estão pensando e adaptar-se de acordo. Por exemplo, quando Paulo precisou de Timóteo para acompanhá-lo numa viagem missionária, ele tinha Timóteo circuncidado. Por quê? Porque eles estavam indo entrar em contato com os judeus a quem verificaram que a circuncisão era muito importante.

Cristo mesmo claramente submeteu-se a uma aproximação contextual para ministrar. Em João 3, Cristo confrontou Nicodemos, um mestre da lei, com algumas profundas percepções teológicas. Mas em João 4, como Jesus conversava casualmente com a mulher no poço sobre o passado imoral dela, Ele usou o poço como uma simples ilustração da “água viva” que Ele podia prover. Em cada caso, Jesus mostrou um genuíno respeito pelas experiências e conhecimentos daquelas pessoas “costurando” o evangelho apropriadamente. Do mesmo modo, um embaixador de Cristo deve mostrar o maior respeito pelas pessoas que ele está tentando alcançar, e pelos seus conhecimentos. Demonstrando um profundo conhecimento da cultura, nós ganhamos integridade e credibilidade da nossa platéia.

A chave é que nossas vidas reais são pontes, ou canais, para o evangelho. Quando Deus criou o homem, Ele deu a ele o domínio sobre o mundo (Gn 1:28). Deus estava essencialmente dando a cada pessoa a designação de mostrar o caráter dEle na terra. Como embaixadores de Cristo, Ele tem dado a cada um de nós específicas áreas onde nas quais nós podemos nos tornar canais de Seu amor e verdade e tornar estas áreas completamente dEle. Estas áreas incluem nossos talentos, obrigações, campos educacionais, habilidades, e dons espirituais. Se uma pessoa é um dono de casa, um dentista, um candidato a Ph.D., ou um fazendeiro, ele ou ela necessitam fazer um extensivo estudo considerando como a verdade bíblica provê um fundamento para aquela “plataforma” que Deus deu. Freqüentemente Ele irá mostrar a uma pessoa uma subcultura específica que somente ele ou ela pode alcançar.

A importância da educação

A fim de tornar-se um construtor de pontes entre a igreja e o mundo, nós precisamos ser educados em ambos, e também sobre como integrar os princípios bíblicos dentro da cultura de hoje. Então, tornar-se um efetivo embaixador de Cristo requer conhecimento das seguintes áreas:

Teologia

Como construtores de pontes nós primeiro precisamos desenvolver um completo conhecimento do caráter de Deus, da pessoa de Cristo e da mensagem da salvação. Como sabemos, o Espírito Santo incorpora este conhecimento em nossas vidas pessoais e ministeriais. Muitas igrejas hoje, contudo, desconsideram a importância da teologia como uma real solução para problemas de nossa nação; alguns têm adotado uma atitude antiteológica. De acordo com London e Wiseman em seu livro Pastores em Risco, “Hoje, as conjecturas mantidas por longo tempo sobre doutrinas devocionais não se aplicam mais. Menos e menos pessoas escolhem uma igreja ou continuam a tomar parte por causa do ensino bíblico ou particular tradição”(5). Ao invés disso, nós devemos desenvolver um apetite por teologia, e por se tornar teologicamente educado. Você pode querer começar lendo o livro clássico de J. I. Packer, Conhecendo Deus (6), ou outra boa obra teológica.

Antropologia

Nós também necessitamos compreender as pessoas do nosso mundo. Isto inclui a natureza bíblica do homem, as visões de mundo predominantes hoje, e como estas visões mostram suas faces na mídia atual, atitudes, educação, governo, etc. Além disso, quais são as necessidades do nosso mundo hoje? Há necessidades físicas, emocionais, intelectuais e espirituais a considerar. Mas, para discutir estas necessidades, nós devemos estar educados. Um livro que eu recomendaria é de R. C. Sproul, Lifeviews,(7) o qual ajudará não somente a entender a cultura americana de uma forma melhor, mas ajudará você a trazer a fé para dentro desta cultura.

Contextualização

Como nós começamos dialogar com descrentes dentro de nossa própria esfera de ação, nós realmente vamos aprender como usar estes espaços como canais para a verdade bíblica. Descrentes precisam ver que uma fundamentação bíblica funciona dentro de seus próprios campos de interesse antes de adotarem estes fundamentos para suas vidas inteiras. Então, nós devemos nos tornar completamente educados, relativamente aos fundamentos bíblicos de nossa própria esfera de ação, seja ela a ciência, marketing, educação, medicina, direito, educação infantil, trabalho fabril, qualquer que seja. Eventualmente você estará apto a desenvolver uma estratégia para ministrar dentro do seu campo educacional ou profissional, transformando-o num campo missionário.

Um grupo de advogados, por exemplo, poderia iniciar um programa de defesa legal para a educação cristã na área deles, ou poderia ensinar numa classe de escola dominical sobre “Uma base bíblica para a Lei e a Justiça”. Um fazendeiro poderia treinar pessoas em como iniciar um jardim, e abrir para a comunidade, relacionando princípios bíblicos. Uma equipe de médicos poderia ensinar um curso noturno de educação sexual para estudantes secundaristas e primários (incorporando as perspectivas fisiológicas, psicológicas e bíblico-morais) na igreja – e abrir para toda a comunidade. O céu literalmente é o limite.

A questão precisa ser encarada, contudo, se é ou não este tipo de educação e trabalho duro é realmente importante para nós. Porque teria a igreja perdido seu lugar como uma força dominante dentro da nossa cultura americana? Simplesmente porque os cristãos têm negligenciado este tipo de estudo – e freqüentemente a substituído com um cristianismo emocional e trivial.

Considere fazer um compromisso diante de Deus para educar a si mesmo em tal maneira um caminho como transformar seus campos profissionais e educacionais em um campo missionário. Não há nada mais emocionante que estar vivendo uma vida modelada após a encarnação de Jesus Cristo.

Notas

1. David Hesselgrave, Communicating Christ Cross- Culturally (Grand Rapids: Zondervan, 1978), p. 121.

2. Jan Johnson, "Escaping the Christian Ghetto," Moody Monthly (Nov. 1987), pp. 81-82.

3. Francis A. Schaeffer, The Complete Works of Francis A. Schaeffer, 5 vols. (Westchester, Ill.: Crossway Books, 1982), vol. 5, p. 424.

4. Ibid., vol. 1, p. 207.

5. H.B. London and Neil Wiseman, Pastors at Risk (Wheaton, Ill.: Victor Books, 1993), p. 36

6. J.I. Packer, Knowing God (Downers Grove, Ill.: Intervarsity Press, 1973).

7. R.C. Sproul, Lifeviews (Old Tappan, NJ: Fleming H. Revell, 1986)

comment 1 comentário(s):

Anônimo disse...

Belíssima mensagem deste post!

Um abraço fraternal!!!

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